Mais de 5 mil focos de incêndio estão ativos no Brasil, diz Inpe; Brasil representa 76% das queimadas na América Latina

Diferentes estados brasileiros registram focos de incêndios ativos nessa semana. Com temperaturas ultrapassando os 30ºC e umidade beirando índices insalubres, o fogo se propaga com facilidade, derrubando a qualidade do ar e espalhando fumaça pelo Brasil e até mesmo para países vizinhos.

O que aconteceu?

Milhares de focos de calor assolam o território brasileiro. Segundo o Programa Queimadas do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), cerca de 5,132 focos foram registrados na manhã de terça (10).

Mato Grosso tem o maior número de focos de incêndio, segundo o Programa. São mais de 2.000 focos somente neste estado. O município de Peixoto de Azevedo foi o que mais registrou focos nas últimas horas. Pará, Goiás, Tocantins e Mato Grosso do Sul fecham o ranking dos cinco estados com mais focos nesta terça-feira. As cidades paraenses de Altamira e São Félix do Xingu somam 400 focos de calor.

Norte concentra maior número de focos. Além do Pará e de Tocantins, Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima estão na lista do Programa Queimadas. Na região, somente o Amapá não figura na lista do Inpe.

Todas as regiões do Brasil apresentam focos de incêndio. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que formam a região sul do país, estão na lista do Programa Queimadas. Somados, os três estados têm pelo menos 114 focos. No sudeste, somente o Espírito Santo não figura na lista do Inpe. No Nordeste, a Bahia é o estado com maior número de focos: 39.

Programa Queimadas também contabiliza focos de incêndio por bioma. De acordo com os registros, o cerrado é o bioma que mais está sofrendo com o fogo: são quase 2.500 focos de incêndio. A Amazônia está em segundo lugar com 2.054 focos; Mata Atlântica em terceiro com 393 focos; Pantanal em quarto com 187 focos; Caatinga em quinto com 8 focos; e o Pampa, no Rio Grande do Sul, em sexto lugar com 1 foco identificado.

Clima seco e quente favorece a propagação de fogo. De 1º até o último domingo (8), setembro já acumulou 32.360 focos de queimadas no país, uma média de 4.045 ao dia (mais que o dobro da média do mesmo mês do ano passado, de 1.550). Historicamente, o mês é o pico de queimadas e em 2024, com a seca histórica que o país vive, os números estão acima da média dos últimos anos.

Ventos levam fumaça dos incêndios para países vizinhos. Segundo registros da plataforma Windy.com, a fumaça das queimadas no sul da Amazônia já chegaram a países como Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru e Argentina.

Brasil em alerta

Na última segunda-feira (09), diferentes áreas do Brasil sofreram com altas temperaturas e baixa umidade. O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu alerta de ondas de calor para Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e parte de Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O alerta vale até a próxima quinta-feira (12) e nesses estados as temperaturas podem ficar até 5ºC acima da média.

Enorme mancha de ar seco tomou conta do país. Com mais de 3.000 quilômetros de extensão e largura, a massa atingiu seu pico às 15h (horário de Brasília), quando cobria do Maranhão até Santa Catarina. Já entre leste a oeste, a mancha era ainda maior, ultrapassando os 3.200 mil quilômetros de largura, do Rio Grande do Norte a Rondônia. Segundo o Inmet, apenas Acre, Amapá, Roraima, Amazonas e Rio Grande do Sul não estavam com a maioria de seus territórios envoltos na bolha de ar seco.

A pior seca do Brasil

O Brasil está prestes a ultrapassar a marca de 160 mil focos de incêndio em 2024.  O número é 104% maior em comparação ao mesmo período de 2023, com quase 78 mil focos. Nos sete primeiros meses deste ano, mais de 5 milhões e 700 mil hectares foram queimados, um crescimento de 92%, em relação a 2023.

Mato Grosso, Pará, Amazonas e Tocantins lideram os focos de queimadas. Em Mato Grosso, por exemplo, o aumento chega a 646%, passando de 1400, no ano passado, para quase 10 mil e 700, neste ano. Já houve crescimento de 415%, um salto de 1200, em 2023, para 6 mil e 200, em 2024.

O Brasil vive a pior seca da história, inclusive, com o agravamento de incêndios em diversas regiões. No Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, as chamas consumiram 10 mil hectares de cerrado.