Entrevista com o prefeito de Irecê, Elmo Vaz

Prefeito Elmo, estamos chegando ao final do seu segundo governo. Como tem sido esta experiência, considerando inclusive que você disputou sua primeira eleição em 2016 sem nunca militar em partido antes?

Eu entrei na política usando “roupa” de técnico, vim pela área técnica, após ocupar cargos na esfera estadual e federal, chegando a ocupar a Presidência da Codevasf. Hoje posso dizer que saio mais experiente e além de Técnico saio também com um grande conhecimento na área política. Nesse período de oito anos, posso dizer que aprendi muito, e com certeza esse aprendizado poderá me levar mais longe, seja na política ou mesmo na carreira técnica.

Na sua opinião, quais foram os principais avanços que Irecê alcançou nos seus dois mandatos?

Acredito que avançamos em muitas áreas. Eu destacaria a área de mobilidade urbana e infraestrutura; saúde; educação; a área de proteção à mulher; área de desenvolvimento econômico e a área cultural.

E o que, deveria ter sido melhor?

Penso que temos a necessidade e podemos avançar mais em algumas áreas. Temos ainda muito espaço e oportunidades para crescer e melhorar na área ambiental, no esporte e na agricultura. Posso dizer que a área social avançou bastante nesse segundo mandato, mas que ainda tem oportunidades de melhoria.

Se tiver, aponte algo que o senhor repetiria e outro que reveria?

Eu não chamo de repetir ou rever. Eu daria continuidade em projetos e programas que estão indo bem. Poderia citar o avanço na implantação de escolas de tempo integral. Eu tenho muito orgulho do trabalho realizado pelo CERMULT, e da mesma forma do nosso TFD. Eu tenho orgulho do mercado do produtor e do mercado de arte. Eu tenho orgulho do trabalho que vem sendo desenvolvido pela secretaria da mulher, eu tenho orgulho do Projeto Cidade do São João, apenas para citar alguns exemplos. Por conta da falta de planejamento de governos passados, por falta ainda de esgotamento sanitário e drenagem profunda, eu não voltaria a executar asfalto frio em ruas da sede do município. Daria continuidade ao programa urbaniza Irecê, utilizando piso intertravado como a gente já vem fazendo e vem dando certo.

Algum arrependimento até aqui?

A palavra arrependimento não faz parte do meu dicionário de vida, sou teimoso (RSS). Eu costumo me arrepender pelas coisas que não fiz (RSss). O que existe é aprendizado. No campo político e nas relações, se eu fosse recomeçar, eu limitaria o empoderamento de secretários que tenham “pretensões políticas”. Infelizmente, quando as coisas não saem do jeito que as pessoas sonham e desejam pra elas, o desgaste acaba chegando. Nem todo mundo sabe recuar e aceitar um “não”. A política é feita de “sim” e de “não”. Talvez a minha “super sinceridade” não seja bem compreendida na política, por alguns.

O que mais te faz feliz na sua gestão?

O respeito e a confiança da equipe de sectários e colaborares e, principalmente, o carinho e respeito da população. Um dos momentos mais felizes foi ver a população me reeleger, quando me confiou o segundo mandato com uma votação expressiva. Tenho muito orgulho do trabalho que fazemos na área da saúde, junto aos pacientes que ainda necessitam do TFD. Me deixa feliz saber que milhares de pessoas que precisam de um conforto nos momentos mais difíceis de suas vidas, sejam tratadas com dignidade.

Falando agora das eleições deste ano. Qual a sua análise da conjuntura municipal, considerando que um tensionamento interno do seu grupo?

O grupo cresceu bastante e acho natural que muitos desejem me suceder. E fico mais feliz ainda quando, “em tese” brigam (no bom sentido), pelo meu apoio. As coisas só irão começar a clarear a partir da abertura da janela eleitoral, aí será “a hora da onça beber água”. É um direito de cada um agir de acordo com suas necessidades e desejos. Eu sempre busquei respeitar a todos e assim também oportunizei que muita gente pudesse se viabilizar. Na política nem tudo são flores, às vezes é necessário andar entre os espinhos. Eu espero e desejo que nosso grupo se mantenha unido e coeso. A realidade é que a chapa majoritária só cabe dois (cabeça e vice), assim, um terceiro ou um quarto, poderá se sentir preterido, faz parte do processo.

Qual a sua reflexão, sobre o grupo "Avança Irecê"?

Eu defendo a continuidade do projeto que iniciamos em 2017. Um candidato que entenda que esse projeto não deva ter continuidade, infelizmente, não poderá ter meu apoio. Deu tão certo e foi tão aprovado que fui reeleito com uma votação expressiva e tenho tido uma aprovação alta na avaliação de minha administração, graças a Deus. Então, não se trata de criar uma dissidência para fazer Irecê “avançar por avançar”, pra criar narrativas eleitorais. Nós já temos um plano de metas desenhado para os próximos 10 a 20 anos. Quem tem certeza que Irecê não avançou nos últimos anos é a oposição raiz, que opera no negativismo. Dizer que não tem o que melhorar? Jamais. Como já disse, tem áreas que precisam melhorar, e são áreas que não possuem recursos garantidos do governo federal (ex: agricultura, esporte, meio ambiente). Avançar sempre, não podemos retroceder.

Como você analisa a oposição hoje?

Sendo realista, a gente só conhece a oposição na hora das eleições. Eu não tenho dúvida que a oposição ao nosso grupo é o ex-prefeito Luizinho. Insisto: Irecê não tem três grupos políticos, hoje existem apenas dois. Evidente, que após tantas derrotas do ex-prefeito e o seu afastamento da cidade e das suas bases, as pessoas que o acompanhavam tendem a se desanimar. Acredito que na medida em que eu faço uma boa gestão no primeiro mandato e melhoro ainda mais no segundo, é natural que a população passe a confiar mais e mais, e minha liderança, naturalmente, vai crescendo e enfraquecendo a oposição. Ganhamos muitas adesões de peso nos últimos três anos e posso dizer que não perdemos nenhuma liderança, até aqui. Mas não costumo menosprezar oposição, temos de botar na cabeça que o povo é livre e sabe julgar. Não acredito que surja um terceiro grupo. Se isso ocorrer, entenderei apenas como uma estratégia do próprio grupo do ex prefeito, pelo desgaste do seu líder, e qualquer dissidência, será apenas uma derivação de parte do seu grupo, com o propósito de se juntarem lá na frente. O ex-prefeito Luzinho é o único que tem votos na oposição, se ele vai perder esse posto, só o tempo dirá.

Algumas vozes, entre elas a do vice-prefeito Erício, têm manifestado descontentamento e críticas ao modo como você lidera o processo de escolha do nome do grupo à sua sucessão, mas você passa o bastão a ele pela segunda vez nesta gestão...

Até que o próprio me prove o contrário eu tenho Éricio em alta conta, seja no tocante ao seu senso de responsabilidade ou de confiabilidade, e necessariamente Erício não precisa concordar comigo em tudo, e principalmente nas minhas estratégias políticas. Sabemos separar os papéis, político e institucional, e cada um cumpre o seu dever, eu de Prefeito e ele de Vice. Se eu não confiasse em Ericio jamais sairia de licença e o deixaria em meu lugar por duas vezes. Nunca um vice prefeito teve tanta oportunidade de se mostrar como na minha gestão, ocupando secretarias e sustentando o prefeito. Se ele não se tornou candidato natural, eu não posso ser responsabilizado por isso. Tenho minha consciência tranquila.

Existem rumores de rompimento de alguns, caso não sejam contemplados. Isso irá provocar mudanças de cadeiras e espaços na gestão?

Estamos dialogando pra chegar ao entendimento. Temos de respeitar todos os desejos e sonhos. De minha parte, não ocorrerá nenhum rompimento. Acho decentes as pessoas que não se sentirem à vontade a seguir no projeto, entregarem seus cargos, de forma espontânea. Na gestão pública é muito comum a liderança que indicou uma pessoa sair do projeto e a sua indicação permanecer, até porque as pessoas acabam se integrando à gestão com o tempo e passam a fazer um trabalho importante a serviço da população. Eu não faço política com o fígado, faço com o coração, ainda que isso as vezes seja incompreendido por muita gente do próprio grupo. Eu só não posso admitir imposições no processo de sucessão e nem veto de nomes. Me acho no direito de opinar, e se for o caso, até apontar um nome para sucessão. Não sou obrigado a apoiar ninguém, assim como ninguém é obrigado a seguir conosco.

Comenta-se nas rodas de conversa que o Senhor tem dado muita visibilidade a Murilo Franca, atual secretário de Governo e que o grupo aceita qualquer outro nome, menos o de Murilo, como o senhor avalia essas falas?

Primeiro dizer que além de Murilo, dei oportunidade a muitas pessoas nesses oito anos, e talvez esse seja o motivo de tantos nomes potenciais, o que nunca ocorreu em outras gestões, onde apenas o Prefeito aparecia. Já teve Prefeito em Irecê que proibia secretário de dar entrevista. Eu reclamo quem não o faz. Dei oportunidade a Figueredo quando assumiu a Infraestrutura, a Pedro Sodré na Secretaria de Indústria e Comércio, a Jazon na Infra, a Erício assumindo secretaria de assistência social e a até a Prefeitura interinamente, a Meirinha como Secretária da Mulher, a Daniel na Saúde e tantos outros. Fui o Prefeito que mais deu oportunidade a suplentes de vereadores para assumirem uma cadeira na câmara e ocupar secretarias. Parece que toda vez que alguém se aproxima muito de mim, causa incômodo, então o problema não tá nessas pessoas. Ninguém deve aceitar imposição de um lado e nem do outro. Às vezes, me pego pensando e me colocando no lugar de algumas pessoas, e imaginando o que elas fariam, se estivessem no meu lugar. Seria bom cada um fazer esse exercício mental, mas com sinceridade. Se Murilo está se saindo bem, o mérito é dele e não meu, como o contrário, também o tiraria da disputa da mesma forma.

O que você pensa pra o futuro de Irecê?

Continuidade no projeto que iniciamos há 8 anos. Se Irecê continuar avançando como avançou nos últimos 8 anos, eu tenho certeza que seremos uma das cidades mais desejadas para se investir e morar no estado da Bahia.

Quando você pretende anunciar seu apoio? Ou não vai declarar antes da convenção?

Se isso for importante para que algum pré-candidato decida o seu destino político eu devo anunciar antes do encerramento da abertura da janela eleitoral, que se fecha em 06 de abril, para que cada um decida pra onde deseja ir ou ficar. Se não fosse por isso, eu juro que não teria pressa, pois temos muito trabalho ainda a fazer e a política não pode nos ocupar o tempo todo, o povo quer e precisa das entregas. Mas uma coisa garanto, ninguém será pego de surpresa, serei transparente, como sempre fui até aqui.

Para encerrar, nos fale sobre seus planos para o pós 1° de Janeiro de 2025.

Descansar um período, me voltar para família, cuidar do corpo e da mente e depois parar para saber como caminhar na política e na engenharia. Existe um desejo da região de que eu me candidate a Deputado Federal, a região clama por uma representação federal. Mas acredito que tudo acontece no tempo de Deus!