Arquivistas temem perda do patrimônio documental da Bahia com leilão do prédio do Arquivo Público

Membros da Associação de Arquivistas da Bahia (AABA) demonstraram preocupação em relação ao leilão do prédio da Quinta do Tanque, que abriga o Arquivo Público do Estado da Bahia (Apeb). De acordo com eles, a venda do imóvel, prevista para a próxima segunda-feira (17), caracteriza uma “prejuízo inestimável” para a cultura e história do Brasil.

“Nós estamos bastante temerosos com o que pode vir a acontecer com o patrimônio documental da Bahia. É um patrimônio nacional, além de ser do estado”, disse a presidente do AABA, Leide Mota. “Não existe um prédio com condições adequadas para abrigar o acervo do tamanho do Apeb”, acrescentou.

Leide reforçou, além da falta de um espaço adequado para a salvaguarda dos arquivos, a dificuldade da transferência destes. Há mais mais de 41 milhões de documentos históricos abrigados no espaço. “E mesmo se tivesse (um prédio), é preciso cadenciar um planejamento estratégico de transferência do acervo, de recuperação e restauração de alguns documentos fragilizados que, em uma mudança, correm o risco de se perderem. Para isso, é necessária toda uma logística”, afirmou.

Ana Paula Ramos, membro da diretoria da AABA, citou ainda a importância da conservação do prédio tombado pelo Iphan para a preservação da contribuição da pesquisa baiana para o mundo. “O prejuízo da concretização desta ação é inestimável, pois confere uma perda do patrimônio histórico e cultural não apenas do povo baiano. O acervo do APEB é uma fonte de memória de inúmeros povos, sendo objeto de estudo e interesse de diversos países, que investem em inúmeros projetos de proteção e disseminação dos documentos, dada a importância das informações ali contidas”, declarou.

Antes, a Unesco se pronunciou sobre a venda do prédio após o anúncio da suspensão do primeiro leilão. O texto crava que “a preservação do patrimônio documental e de seu acesso público, dever de todos para com todos, requer uma edificação em condições seguras”, entre outras coisas. “Sem essas condições, a Memória do Mundo é irremediavelmente destruída”, completa a carta.

O leilão é destinado ao pagamento de dívidas contraídas pela hoje extinta Bahiatursa. A penhora foi oferecida em 2005, na gestão do então governador Paulo Souto, do UNIÃO. A primeira praça, que aconteceria em 9 de novembro de 2021, foi suspensa após uma decisão judicial. Onze meses depois, porém, voltou à pauta e deve acontecer no próximo dia 17.

Fonte: Metro1/Adele Robichez